terça-feira, 31 de maio de 2011
Cores de Almodóvar
Cadeira Mole
Nos inspiramos então na Poltrona Mole, criada em 1957 pelo arquiteto e designer de móveis Sérgio Rodrigues que desejava imperiosamente conceber um móvel que expressasse a identidade nacional.
A poltrona original tem as dimensões 110x100x75, é feita de Jacarandá e seu estofado em couro, sugerindo um jeito de sentar mais despojado e superconfortável. Além disso, representou um momento de virada da produção nacional. As peças feitas aqui eram, até então, baseadas em modelos europeus.
Apesar de tudo, foi de grande aprendizado pessoal e importância para nossa formação, elaborar e colocar em prática algo que demandasse responsabilidade em ser funcional o suficiente
A fusão a partir de Lina Bo Bardi
Inicialmente sabíamos que nossa referência seria a arquiteta Lina Bo Bardi, uma arquiteta modernista, ítalo brasileira.
Estavamos em duvida entre duas cadeiras, a tripé em madeira e a poltrona Bowl. Sabendo que seria uma cadeira infantil decidimos assim fazer uma junção, aproveitando o conforto de uma e a estrutura e segurança da outra.
Para a produção de nossa cadeira, utilizamos materiais bastante simples de se trabalhar. Ultilizamos dois cabos de enxada(aproximadamente 1,25), ripas de eucalipto(5 metros), porcas, ruelas, uma barra rosqueada, dois metros quadrados de um tecido resistente e dois metros quadrado de espuma fina.
O processo de montagem foi simples, apesar de sermos bastante leigos no assunto. O primeiro passo foi a montagem da base: encaixamos os pés (cabos de enxada) nas ripas (0,80 cm) da seguinte forma.
Após a base pronta colocamos os braços, fixando-os do maior pé da base aos dois menores. Neste momento a estrutura já se encontra firme, podendo assim dar o acabamento. Enrolamos a fina espuma nos braços da cadeira para maior conforto. Para a confecção da “rede” que sustenta a criança, pedimos auxílio de uma costureira, que apenas cobriu a estrutura.
Cadeira Feferrasa
Mini Lounge
- Crosbie, designer ingles, especialista em objetos de inflaveis, desenvolveu a "Inflate Chair" para Totem Design. Seu design conteporaneo utiliza uma estrutura de aluminio para sustentar uma forma de lounge coberta por almofadas inflaveis. A partir dessa referencia, o grupo Tais Trujillo, Mariana Tanure e Rayane Sousa desenvolveu uma cadeira infantil (destinada a uma creche) seguindo a mesma ideia de composição do acolchoamento e reclinação, porem utilizando almofadas de espuma, para um conforto e durabilidade maior, uma vez que se trata de crianças. Visando a segurança dessas, o assento foi rebaixado e todo material utilizado foi propiamente lixado, alem de contar com anti derrapante nas pontas. Para proporciar entretenimento , as almofadas foram fixadas ao assento e encosto com velcro , possibilitando a troca da posição.Contrução:MaterialBambu in natura
Porcas e ruelas
Barras de Rosquear
Tecido
EspumaCola quenteFerramentasSegueta
Furadeira
Maquina de costurar
Pistola de cola quenteChave de fendaOs materias adotados para esta oficina, foram reaproveitados de oficinas anteriores, tal como o bambu e algumas barras de rosquear. O tecido das almofadas foi comprado no quilo, e as porcas,ruelas e espuma foram compradas no centro da cidade. Como resultado, obtivemos um baixo custo material.ProduçãoPelo fato do bambu utilizado estar em natura, foi necessario um tratamento para retirar o amido existente em sua "pele" e consequentemente, dar brilho ao mesmo. O processo consiste na queima do amido seguido da limpeza do bambu. Para isso , se aconselha a utilização de um maçarico (para queima do amido) e oleo disel para limpeza. Como nossa produção foi caseira, utilizamos a boca de um fogão.Apos tratar o bambu bruto, serramos as barras de rosquear e o bambu nas cotas esboçadas no croqui . Feito isso, definimos o local de encaixe e furamos com auxilio de 2 brocas diferentes (uma para abrir o furo no bambu e outra para ampliar de acordo com a espessura da barra de rosquear).Concluindo isso, montamos a cadeira fixando com as porcas e ruelas.EstofamentoNove almofadas foram confeccionadas inspiradas no modelos original da cadeira de inflavel. Para maior durabilidade, o forro é duplo e foram preenchidos por espuma comum. Para possibilitar a troca de posição delas, utilizamos velcro na almofada, e sua outra face cruzando um bambu ao outro, como explicitado nas fotos.
A experiencia foi motivadora para montagem de outros mobiliarios de bambu ou madeira, pois nos mostrou que ojetos do nosso dia dia podem ser confecionados por nos mesmos com um baixo custo, mantendo um design interessante.
Oficina de madeira: cadeira de três pés de Lina Bo Bardi.
A cadeira escolhida pelo grupo Diogo, Bárbara e Ana Claudia foi a cadeira Tripé, de 1948, que nasceu da rede, instrumento o qual Lina considerava um dos mais perfeitos para o repouso por sua aderência a forma do corpo. O folclorista nordestino Luís da Câmara Cascudo no seu ensaio "Rede-de-Dormir" faz uma apologia a esta peça doméstica integrante da vida cotidiana do Norte e do Nordeste brasileiro, comparando-a com o leito e enaltecendo as vantagens da rede: "O leito obriga-nos a tomar seu costume, ajeitando-se nele, procurando repouso numa sucessão de posições. A rede toma o nosso feito, com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rede é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossego. Desloca-se, encessantemente renovada, a solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade a resignação." Foi pensando no conforto da rede e nas ideias expostas na palestra dada pelo arquiteto Adriano Mattos, professor da Escola de Arquitetura da UFMG, que o grupo optou por fazer a cadeira de Lina Bo Bardi, porém com algumas alterações, seguindo a ideia do canibalismo modernista.
Ao analisar a ideia original foi encontrado certo desconforto na inclinação dada a peça e no apoio da cabeça. Providos, assim, de boas intenções, mudaram o projeto para a solução dos problemas.
Material: foi utilizado a madeira e esta foi escolhida devido a dois motivos: 1- Está presente na vida do arquiteto e seu manuseio ajuda a compreender o que é ou não possível contruir com ela. 2- Pelo fato de que necessitamos de um material resistente e de fácil manuseio a partir das ferramentas de que dispunham. E a madeira utilizada foi a da árvore de eucalipto pois é bonita e macia, porém fica um aviso de que nao aceita prego nem parafuso, sendo por isso necessário pensar na construção de encaixes e no utilização de muita cola. Para o encosto usou-se compensado. Para o estofado utilizou-se uma lona de sofá, espuma de 5 centimetros e um tecido de revestimento. É recomendada a construção da cadeira idealizada com aço.
Cálculos: a falta de conhecimento na área levou o grupo a procurar medidas em sites que discutem ergonomia, como http://www.efdeportes.com/ e http://www.etcsismanha.pbworks.com/, e a utilizar o promagra Sketchup para vizualizar ângulos e quantidade de peças. O mais difícil foi a elaboração do estofado, mas esses cálculos ficaram a cargo da costureira.
Peças: as ripas tinham 3,5 centímetros de largura por 3,5 centímetros de espessura que vieram em barras de 2 metros e foram dividas da seguinte forma em relação ao comprimento: 2 peças de 45 cm, 2 de 100 cm, 3 de 50cm, 2 de 30 cm, 2 de 40 cm e 1 de 8 cm. Para o encosto: 5 peças de 5 cm de altura, 2 cm de espessura e 30 cm de largura.
1° Ângulos de 45 graus em ambas as extremidades peças de 45cm e 30cm.
2° Ângulos de 35 graus em uma das extremidades da peça de 1 metro.
Parafuse as peças de 30cm de modo a formar triângulos retângulos equiláteros com as quinas da estrutura, parafuse a peça de 8cm com as de 45cm formando novamente um quadrado sem um lado, porém esse lado será fechado com a peça de 50cm, base da estrutura já feita. Nas extremidades livres das peças de 45 parafuse as de 1 metro utilizando as extremidades ângulares dessa e parafuse as peças de 45 nas de 1 metro formando de novo triângulos retângulos equiláteros com chão e nas extremidades livres das peças de 1 metro pregue as peças de compensado uma acima da outra em sucos abertos nas peças de um metro formando a seguinte estrutura.
Logo após junte o estofado a estrutura finalizando o processo.
Voltando agora aos resultados colhidos pelo grupo. O aprendizado na construção foi muito válido, pois além de acrescentar habilidades com ferramentas e aguçar o senso crítico em relação ao designer de móveis mostrou ao grupo as dificuldades e facilidades de mexer com madeira e a importância de ter ou ser um bom marceneiro. O grupo antes do trabalho, apesar de pensar bastante no usuário, pois o foco do trabalho foi a tentativa de construir uma cadeira mais confortável, não se preocupou com o intermediário que é o executor. Finalizando o trabalho percebemos que ao projetar é muito importante levar em consideração também a execução, pois nem sempre cálculos, mesmo que muito bons, são possíveis de se realizar, seja pelo material escolhido ou mesmo por dificuldades extremas na construção. A cadeira proposta pelo grupo não aguentou as forças necessárias e apesar de frustrante o resultado ensinou bastante, pois foi visto que na prática as coisas nem sempre saem como desejado ou calculado.
Por fim o exercício de devorar outros designers de cadeiras e tentar produzir uma cadeira se mostrou válido em todos os sentidos e o grupo espera daqui pra frente levar em conta todas as fazes do processo, sem perder a criatividade incorporando estilos e modificando-os. Lançando, dessa forma, novas tendências que resolvam problemas em diferentes setores que a arquitetura oferece.
Afasta de mim esse cale-se
Domingo último (29/05/11) fui ao Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, nº1537 , centro, BH) na esperança de assistir a um bom filme e que fosse fora do circuito hollyoodiano. Eram cinco e meia da tarde e fui surpreendido com um cartaz que anunciava o mais novo trabalho de Francis Ford Coppola, um dos meus diretores preferidos. Logo na fila da bilheteria descobri que o filme era em preto e branco e imaginei que seria mais uma daquelas tentativas frustradas das grandes produtoras quando ambicionam criar um ícone cult e comercial ao mesmo tempo. Estava enganado."Tetro" foi produzido , escrito e dirigido inteiramente por Coppola sem a influência das grandes produtoras de cinema, financiado com o lucro de negócios de produção de vinhos que o diretor tem.Sendo assim Coppola disse ter tido maior liberdade para fazer o que bem queria , e o resultado foi este excelente filme que tem no ator Vincent Gallo a sua maior estrela.Todo o resto do elenco é impecável e o roteiro prende a atenção do espactador.O filme em preto e branco , conforme o autor, não é ausência de cor , exige sensibilidade para transmitir as diferenças de cores por meio de gradações de luminosidade e claro/escuro. esta característica deixa aberto a invenção como em "Tetro". As cores aparecem nos flashes de memória dos personagens e , na maior parte delas , de forma alegórica em cenas de dança entre duplas ou trios de dançarinos quando o autor queria passar as emoções das relações afetivas entre pais , filhos e amantes .
O filme
O tema é recorrente na obra de Coppola e trata da relação pai/filho. A história é sobre a admiração de um jovem pelo irmão mais velho, a quem reencontra após muito tempo.Os irmãos têm um pai que é músico e muito vaidoso. O ingênuo Bennie (Alden Ehreinreich), de 17 anos, chega a Buenos Aires devido a um problema no navio onde trabalha. Ele aproveita o ocorrido para encontrar seu irmão mais velho, Angelo (Vincent Gallo), que resolveu tirar um ano sabático e nunca mais entrou em contato com a família.Bennie consegue encontrá-lo , mas Angelo não é mais a mesma pessoa. Ele abandonou seu nome de batismo e agora atende apenas por Tetro, tendo se tornado uma pessoa de temperamento difícil e que esconde seu passado . Entretanto o período em que Bennie vive com ele e sua namorada Miranda(Maribel Verdú) faz com que relembre experiências passadas marcadas pelo confronto de interrêsses entre ele e seu pai Carlo(Klaus Maria Brandauer)despertando um grande conflito interno em sua personalidade.
Direção: Francis Ford Coppola
Atores: Vincent Gallo, Maribel Verdu, Alden Ehrenreich, Klaus Maria Brandauer.
Duração: 127 min
Gênero: Drama
Referências:
1-adorocinema.com/filmes/tetro. 2- estadao.com.br/cultura