segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"O Percurso"

  Quando se anda pelas ruas, qual o percurso você faz? Qual percurso você vê?
Ou as próprias ruas e edifícios ditam o seu rumo e te obrigam a fazer do jeito deles, ou você sai do padrão e utiliza os espaços da sua própria forma.

"C'est comme si votre corps avait toujours été en pilotage automatique et que vous découvriez soudain que vous êtes capable de le piloter vous même"
("É como se seu corpo estivesse ficado sempre no piloto automático, ai você descobre pela primeira vez que é capaz de controlá-lo")

 O Parkour é uma atividade (arte ou disciplina) cujo princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, sabendo-se que a menor distância entre dois pontos é uma reta que os liga. Utilizando das próprias habilidades do corpo humano, os praticantes da arte têm como objetivo superar os obstáculos (de qualquer natureza) em sua frente. O parkour é a interação entre o praticante e o meio que está em volta, é o caminho de interação com todo tipo de arquitetura que o cerca, com trabalho de treino piscológico. Tendo como utilidade o ensino para que as pessoas possam confiar mais em si mesmas e aprender a serem cuidadosas. Filosoficamente o Parkour pode ser compreendido com uma arte marcial: “é o confronto dos obstáculos”. 
 O Parkour deriva de várias bases, uma delas é o méthode naturelle (Método Natural de Educação Física) desenvolvido por Georges Hébert no século XX. E tem como foco a síntese de três forças em particular: o Físico, o Viril e a Moral. Contando com os músculos, a respiração e a energia usados na determinação direcional da prática. Método esse que foi inspiração para os soldados franceses no Vietnã, onde criaram o treinamento militar: “parcours du combattant”, o percurso de obstáculo.
  
 David Belle, um dos mais reconhecidos e antigos traceur (praticantes do Parkour), que começou sua carreira desportiva como bombeiro e logo depois entrando para o exercito francês, não só aprendeu as técnicas de treinamento, como incorporou a elas, outros aprendizados dos quais fazia uso, como atletismo, ginástica, artes marciais e escalada. Tornando-se então um dos precursores da prática conhecida como Le Parkour. Belle diz que o Parkour é: “você superar a si mesmo, não sentir sufocado pelos muros ao seu redor... usar a cidade, ao em vez de deixá-la nos usar.”
  
 Mas o que pode-se buscar indo mais a fundo nesse assunto? No que o Parkour interfere? O que ele tem para agregar?
 Nesse vídeo Belle fala um pouco mais sobre o que é Parkour:

 O interessante é que Belle cita de uma maneira simples a idéia de que os "obstáculos" não foram projetados pensando em cima dessa prática. Os prédios, as escada, os corrimãos. Nada foi feito e construído para facilitar ou melhorar o ato dos exercícios. É com se as pessoas dissessem: “as edificações não podem me prender, as ruas não podem me ditar uma direção e nenhuma escada pode me obrigar a subir ela”. E assim todo os objetos se tornam flexíveis, se moldam, se mudam e dessa maneira percebe-se que as coisas não podem ser feitas apenas com um intuito, apenas com um objetivo e função e sim, que ela tem que ter o poder de se recriar para receber um novo modo de pensar ou um novo modo de viver, um novo transeunte. As formas criadas têm sua liberdade de uso para cada grupo de pessoa, ou cada individuo no seu ser e no seu estar.
 E então o seu muro virou escada, e sua escada virou abismo, e o buraco virou passagem, e passagem virou de cabeça pra baixo, e o baixo foi pra cima, e o lá em cima foi pro lado e cada obstáculo é compreendido de uma maneira diversificada a cada momento.



"Etre fort pour être utile"
("Ser forte para ser útil")

         
                                                                                                  (David Narvaez Meireles:.)



Fazendo ligação entre o assunto (Parkour) e uma idéia de liberdade e flexibilidade dos espaços criados, projetados e edificados (Hertzberg)


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