terça-feira, 31 de maio de 2011

Cores de Almodóvar






Há muito venho pensando nesse post sobre Almodóvar. Me perguntei logo se considerava esse diretor espanhol digno da tag #cult. Afinal, conheci seu trabalho em uma tarde descontraída no cinema, e foi tão simples compreende-lo que não sei se ele se encaixa no erudito #cult. Mas como Almadóvar é, para mim, melhor do que muitos outros diretores importados, resolvi fazer essa resenha.


O primeiro filme que assisti foi Abraços Partidos (2009) no Usiminas, e foi um filme diferente, apesar de depois descobrir que não é o seu melhor filme. A trama é única em seu mais verdadeiro sentido (assim como é em todos os seus filmes), conta sobre um romance proibido entre Lena e Mateo/Harry Cane (em espanhol se pronuncia Hurricane = Furacão). Lena (Penélope Cruz) vive com Ernesto, mas vive um romance escondido com o diretor/roteirista Mateo, mas o que eles não sabem é que são espionados pelo filho do primeiro casamento de Ernesto durante as gravações pelo pedido do mesmo.
Parece novela mexicana, não é mesmo? E isso é apenas o começo.
Adicione também o cenário com muitas estampas, cores vivas, drama e reviravoltas.
Mas o que leva o filme ao #cult é a sua técnica. O filme começa com Mateo cego, devido ao acidente que sofreu que lhe custou também a sua amada Lena. Através de uma retrospectiva pelos vídeos de "espionagem" feitos pelo filho menosprezado, temos uma visão que se completa com o decorrer do filme. Tudo tem um motivo de acontecer.

Depois assisti A Lei do Desejo (1987) com Antonio Bandeiras, e esse sim é um filme de drama digno de novela. É um filme mais antigo, e talvez remeta um Almodóvar ainda mais focado nas cores fortes e nas reviravoltas. Há um escritor/diretor homossexual apaixonado por um homem e perseguido por outro, um ator fanático, além da excêntrica "irmã" do personagem principal.
Este filme tem traços semelhantes ao Abraços Partidos, mas é ao meu ver bem menos elaborado, e se precipita em alguns momentos.


Finalmente assisti Volver (2006), que por incrível que pareça começa com uma faxina em um cemitério. Estrelando também a Penélope Cruz (que é para o Pedro Almodóvar como a Scarlett Johansson é para o Woody Allen) e conta a história de uma mãe e seu drama na família, como a filha que é abusada pelo pai e que remete o fato da própria mãe ter sido abusada pelo pai quando criança, além do rancor que tem pela mãe (que ela acredita ter morrido em um incêndio mas vive com sua irmã). Parece complexo e talvez exagerado, mas como em todos os filmes citados a estória é elaborada para que haja veracidade no roteiro. Apesar de o tema principal ser morte e abuso, Volver está mais próximo do humor do que os outros filmes citados.

Os três filmes são todos os que conheço desse diretor e os assisti faz algum tempo, mas espero para ver Kika, Ata-me, Carne Trêmula e Tudo Sobre Minha Mãe, que são ditos os seus melhores filmes. Quanto a Abraços Partidos, A Lei do Desejo e Volver, são filme ótimos e que realmente surpreendem. Apesar de serem bastante diferentes, todos possuem uma marca que mostra claramente quem foi seu diretor.

2 comentários:

saulo disse...

Fernanda, sugiro que veja "Fale com Ela". Na minha opinião, o filme mais sensível deste Diretor.

Mari Tanure disse...

Fe, desses que você citou eu assisti "Tudo sobre mi madre" que é um dos mais famosos e premiados do Almodóvar. Se você gosta do estilo deste diretor vale a pena assirtir... É um filme beem problemático, começa com o aniversário de um garoto que deve ter uns 17 ou 18 anos, nao lembro, daí a mãe o leva ao teatro para assistir "Um Bonde chamado desejo", que ela já tinha encenado anteriormente. Na saída do teatro, no que a mãe vai pegar o autógrafo da atriz principal, o menino é atropelado e morre. (calma que eu não contei nada demais) Depois de passado o baque ela vai atrás do pai desse garoto, que nem sabia que tinha um filho e era travesti (toque do Almodóvar). Daí que a trama se desenrola. E é claro que, como todos os seus filmes, as cores são beeem fortes e primáris, muito vermelho, azul, amarelo...