terça-feira, 31 de maio de 2011

Oficina de madeira: cadeira de três pés de Lina Bo Bardi.


Lina Bo Bardi (Achillina Bo) foi uma arquiteta ítalo-brasileira que nasceu em Roma no dia 5 de dezembro de 1914, e morreu em São Paulo no dia 20 de março de 1992. Casou-se com o crítico de arte chamado Pietro Maria Bardi e sua obra mais conhecida é o projeto da sede do MASP, Museu de Arte de São Paulo. Inconformada com os móveis brasileiros a arquiteta italiana decidiu desenhar mobiliários para seus projetos, e com o objetivo de produzí-los em série fundou, junto com Giancarlo Palanti, o Studio de Arte Palma, mas que apenas durou dois anos, de 1948 a 1950. "O ponto de partida foi a simplicidade estrutural, aproveitando-se da extraordinária beleza das veias e da tinta das madeiras brasileieras, assim como seu grau de beleza e capacidade" disse Lina na revista Habitat. Para ela o móvel também tem sua moralidade e razão de ser na sua própria época, e a cópia de estilos passados, os babados e as franjas, são índices de mentalidades incoerentes, fora da moralidade da vida.
A poltrona Bowl, 1951, é um exemplo de sua produção, com um desenho simples e absolutamente inovador mereceu a capa premiada na revista norte-americana Interiors em 1953, e até hoje parece atual. Outro exemplo são os polêmicos bancos do teatro Sesc Pompéia, em São Paulo.
A cadeira escolhida pelo grupo Diogo, Bárbara e Ana Claudia foi a cadeira Tripé, de 1948, que nasceu da rede, instrumento o qual Lina considerava um dos mais perfeitos para o repouso por sua aderência a forma do corpo. O folclorista nordestino Luís da Câmara Cascudo no seu ensaio "Rede-de-Dormir" faz uma apologia a esta peça doméstica integrante da vida cotidiana do Norte e do Nordeste brasileiro, comparando-a com o leito e enaltecendo as vantagens da rede: "O leito obriga-nos a tomar seu costume, ajeitando-se nele, procurando repouso numa sucessão de posições. A rede toma o nosso feito, com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rede é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossego. Desloca-se, encessantemente renovada, a solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade a resignação." Foi pensando no conforto da rede e nas ideias expostas na palestra dada pelo arquiteto Adriano Mattos, professor da Escola de Arquitetura da UFMG, que o grupo optou por fazer a cadeira de Lina Bo Bardi, porém com algumas alterações, seguindo a ideia do canibalismo modernista.

Ao analisar a ideia original foi encontrado certo desconforto na inclinação dada a peça e no apoio da cabeça. Providos, assim, de boas intenções, mudaram o projeto para a solução dos problemas.

Material: foi utilizado a madeira e esta foi escolhida devido a dois motivos: 1- Está presente na vida do arquiteto e seu manuseio ajuda a compreender o que é ou não possível contruir com ela. 2- Pelo fato de que necessitamos de um material resistente e de fácil manuseio a partir das ferramentas de que dispunham. E a madeira utilizada foi a da árvore de eucalipto pois é bonita e macia, porém fica um aviso de que nao aceita prego nem parafuso, sendo por isso necessário pensar na construção de encaixes e no utilização de muita cola. Para o encosto usou-se compensado. Para o estofado utilizou-se uma lona de sofá, espuma de 5 centimetros e um tecido de revestimento. É recomendada a construção da cadeira idealizada com aço.

Cálculos: a falta de conhecimento na área levou o grupo a procurar medidas em sites que discutem ergonomia, como http://www.efdeportes.com/ e http://www.etcsismanha.pbworks.com/, e a utilizar o promagra Sketchup para vizualizar ângulos e quantidade de peças. O mais difícil foi a elaboração do estofado, mas esses cálculos ficaram a cargo da costureira.



Peças: as ripas tinham 3,5 centímetros de largura por 3,5 centímetros de espessura que vieram em barras de 2 metros e foram dividas da seguinte forma em relação ao comprimento: 2 peças de 45 cm, 2 de 100 cm, 3 de 50cm, 2 de 30 cm, 2 de 40 cm e 1 de 8 cm. Para o encosto: 5 peças de 5 cm de altura, 2 cm de espessura e 30 cm de largura.



Ângulos: Para construir a cadeira foi necessário ângulo nas extremidades de algumas peças.
1° Ângulos de 45 graus em ambas as extremidades peças de 45cm e 30cm.
2° Ângulos de 35 graus em uma das extremidades da peça de 1 metro.



Montagem: use uma peça de 50cm de base e parafuse em sua extremidades as outras duas peças de 50cm de modo a formar um quadrado sem um de seus lados.

Parafuse as peças de 30cm de modo a formar triângulos retângulos equiláteros com as quinas da estrutura, parafuse a peça de 8cm com as de 45cm formando novamente um quadrado sem um lado, porém esse lado será fechado com a peça de 50cm, base da estrutura já feita. Nas extremidades livres das peças de 45 parafuse as de 1 metro utilizando as extremidades ângulares dessa e parafuse as peças de 45 nas de 1 metro formando de novo triângulos retângulos equiláteros com chão e nas extremidades livres das peças de 1 metro pregue as peças de compensado uma acima da outra em sucos abertos nas peças de um metro formando a seguinte estrutura.




Logo após junte o estofado a estrutura finalizando o processo.

Voltando agora aos resultados colhidos pelo grupo. O aprendizado na construção foi muito válido, pois além de acrescentar habilidades com ferramentas e aguçar o senso crítico em relação ao designer de móveis mostrou ao grupo as dificuldades e facilidades de mexer com madeira e a importância de ter ou ser um bom marceneiro. O grupo antes do trabalho, apesar de pensar bastante no usuário, pois o foco do trabalho foi a tentativa de construir uma cadeira mais confortável, não se preocupou com o intermediário que é o executor. Finalizando o trabalho percebemos que ao projetar é muito importante levar em consideração também a execução, pois nem sempre cálculos, mesmo que muito bons, são possíveis de se realizar, seja pelo material escolhido ou mesmo por dificuldades extremas na construção. A cadeira proposta pelo grupo não aguentou as forças necessárias e apesar de frustrante o resultado ensinou bastante, pois foi visto que na prática as coisas nem sempre saem como desejado ou calculado.

Por fim o exercício de devorar outros designers de cadeiras e tentar produzir uma cadeira se mostrou válido em todos os sentidos e o grupo espera daqui pra frente levar em conta todas as fazes do processo, sem perder a criatividade incorporando estilos e modificando-os. Lançando, dessa forma, novas tendências que resolvam problemas em diferentes setores que a arquitetura oferece.








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