terça-feira, 17 de maio de 2011

Oficina de papelão.

(tunel aberto)

Hoje, mais do que nunca, encontramos nosso planeta em uma encruzilhada. De um lado, uma sociedade consumista. Do outro lado, os esforços para reduzir os impactos negativos que ela produz. Pensando nesse dilema, arquitetos do mundo inteiro, estão idealizando e construindo alternativas arquitetônicas que agridam menos ao meio ambiente. É retirando dessa idéia o modismo e o merchindising das grandes corporações e aliando-a a uma arquitetura socialmente preocupada com novas idéias de espaço e moradia é que chegamos ao foco do trabalho aqui discutido, que nesse contexto trás o papelão como um elemento construtivo viável. A oficina de papelão foi realizada em 07/05/2011 pelo grupo composto por Diogo Guadalupe, Mariana Fantecelle, Fernanda Ruiz e Nicoly Fuji, em cooperação com outros dois grupos, o primeiro composto por Gabriela Linces, Mateus Colla e Daniela Ponce, e o segundo por Mariana Tanure, Luiza Dias e Fernanda Mourão.
A técnica utilizada é simples é será exposta aqui como um manual.

1°- Material:
Foram utilizados na construção do túnel de 2 metros de altura por 3,5 m de comprimento cerca de 50 kg de papelão (recomenda-se a utilização da chapa de papelão lisa e mais grossa), 16 fitas adesivas grosas, um estilete e tesoura para cada integrante do grupo.

2°- Custos:
Algo entre 35 a 60 reais (varia com o tipo de papelão utilizado).

3°- Tempo:
Para um grupo de 10 pessoas, são necessárias cerca de 10 horas de trabalho.

4°- Modo de fazer:
1- Corte as chapas em:
- 52 losangos de diagonal maior de 153,33 cm e diagonal menor de 65 cm.
- 8 triângulos isósceles de base 153,33 cm e altura de 32,5 cm.
- 16 triângulos isósceles de base 60 cm e altura de 75,57 cm.

2- Faça vincos nas diagonais maiores dos losangos e nas alturas dos triângulos isósceles de base 60 cm.

(manual)

3- Para a colagem, una as formas geométricas da forma indicada na figura, lembrando sempre que os vincos estão voltados para cima e que, nesses, também é necessário passar fita para maior estabilidade, e lembrar de não unir as partes 1,2,3,4 e 5.

(manual)
(manual)

4- Para a junção das peças, comece com uma das pontas. Ainda no chão, verifique se os vincos estão fáceis de dobrar e depois erga a parte verticalmente, envergue-a no formato de um circo e comece a dobrar. Todos os vincos são voltados para dentro do circo. Passe para a próxima peça e siga os mesmos passos. Depois, com elas no chão e já dobradas, junte-as com fita adesiva.

(manual)
(manual)

5- Siga os mesmos passos ate o fim do processo.

6- Para a montagem é necessário apenas a escolha do local e esticar o túnel.

(manual)
(manual)

O processo é trabalhoso, mas comparado a técnicas tradicionais com concreto ou aço, é bem mais rápido e fácil. O resultado obtido na construção desse túnel pelo grupo foi satisfatório no quesito estabilidade e aparência, mas a utilização do papelão de caixas usadas foi questionada. Sendo assim, as placas de papelão novas foram consideras uma alternativa mais vantajosa, apesar de aumentar os custos e esforços em sua utilização, pois é mais rígida e difícil de cortar.
Há vários pontos a serem ressaltados, o primeiro é a característica de ser uma construção sólida, permitindo esta ser utilizada em situações em que exija uma resistência maior. A utilização do papelão na construção não é uma técnica exatamente recente. A arquitetura oriental, principalmente a japonesa, já utiliza largamente o papel na construção civil como, por exemplo, em divisórias e na vedação de janelas. O arquiteto japonês Shigeru Ban nos dá um exemplo da solides e durabilidade desse matérias em seus projetos. Ele iniciou suas pesquisas com tubos de papelão na década de 80 e a Paper Arbor, de 89, foi seu primeiro projeto utilizando esse material. Ban trata o papelão como ”madeira evoluída”, em referência a sua origem (www.theurbanearth.wordpress.com)

(Paper Arbor)

“...na atual época tecnológica, com trocas contínuas de necessidades, um edifício, uma rua ou até mesmo uma cidade inteira, chegam muitas vezes a cair em desuso, do ponto de vista de sua utilização, necessitando ser esporadicamente reprogramada e reconstruída.” (Peter Cook). É nesse contexto que o segundo ponto a ser ressaltado entra. A construção de papelão da à luz a estruturas leves, móveis e dobráveis, que são de fácil transportabilidade. O túnel, na idéia original, da autora Fernanda Dolabella Dubal, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais, exposto em “www.mom.arq.ufmg.br” foi construído como uma estrutura para ser utilizada em um circo móvel. A arquitetura móvel pode ser definida como um espaço com uma determinada aplicação que é deslocado facilmente, sem que suas funções sejam prejudicadas por esta característica. Seguindo esse preceito os grupos que realizaram a oficina enxergaram na técnica várias utilidades como, por exemplo, uma barraca, ou até mesmo um portal para espaços em festas.

(tunel sendo carregado)

Outro ponto é a economia que o material representa em comparação ao concreto aço ou tecidos. Os gastos de uma casa feita pelo arquiteto Shigeru Ban e casas padrões existentes nem se comparam. Basta lembrar que o metro quadrado de papelão gira em torno de 2 reais, muito abaixo do preço do aço. Além de econômico é um material que pode ser reciclado tornando a construção menos agressiva ao meio ambiente, e é também proveniente de madeira, um material renovável.
Em resumo, foi muito interessante participar dessa oficina, pois abriu o horizonte dos integrantes do curso sobre matérias e elementos construtivos. Um exemplo muito interessante sobre a dimensão que essa arquitetura de papelão pode chegar foi realizado pelo pessoal da Nothing Agency, de Amsterdã, que resolveu criar um escritório inteiro feito de papelão e cartolinas. Isso mesmo! Mesas, prateleiras, escadas, paredes, divisórias, tabelas... tudo feito com material reciclado. “WWW.NOTHINGAMSTERDAM.COM”.

(escritorio de papelão)

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