Palácio da Liberdade

O final do século XIX no Brasil foi um período de grande importância política, mas que trazia consigo uma grande instabilidade. Em 1895 ocorre a mudança de regime político no Brasil, o país que antes era uma Monarquia passa a se tornar uma República. Em meio a tais mudanças algo que causava grande inquietação política eram a manutenção da integralidade do território Brasileiro e unidade política. O que também acontecia em âmbito regional, como era o caso de Minas Gerais. Que tinha sua unidade geográfica ameaçada por movimentos separatistas na Zona da Mata e no Triângulo Mineiro.
Como forma de resposta a tais acontecimentos ocorre a transferência da capital do estado da cidade de Ouro Preto para a Cidade de Minas, que só mais tarde em 01/07/1901 passou a ser denominada como Belo Horizonte. Esta implantação foi administrada pela Comissão Construtora da Nova Capital.

O local escolhido para a sede administrativa do estado foi sobre a colina do Alto da Boa Vista, onde foi construida a Praça da Liberdade que contava com as primeiras secretarias do estado e com o Palácio da Liberdade,
O Palácio da Liberdade foi projetado para ser a sede do poder executivo e assim o foi até 2010. O Palácio e as secretaria, assim como todo o conjunto da praça, foram construídos de 1895 a 1897 segundo as tendências arquitetônicas da época- estilo eclético com elementos neoclássicos do 2º Império Francês.

O estilo eclético surge na Europa no século XIX e sua arquitetura combinava elementos clássicos, medievais e renascentistas.
Já o estilo eclético neoclássico surge como forma de expressar valores de uma nova sociedade na qual a classe dominante deixava de ser a nobreza e passava ser a burguesia. Deixando para trás o Barroco e o Rococó, símbolos da monarquia, o ecletismo neoclássico foi muito adotado na arquitetura das novas Repúblicas, como no Brasil e nos Estados Unidos.
O estilo neoclássico tinha como principais características o uso de materiais nobres como o mármore, o granito, os metais e cristais, formas regulares, geométricas e simétricas, abóbadas, cúpulas, pórticos colunados, frontões triangulares, pinturas e relevos. Esses elementos estão presentes em todo o Palácio da Liberdade. Alguns exemplos são: o mármore de carrara no hall, a escada metálica trabalhada em ferro batido com bela ornamentação e pinturas nos tetos e paredes.

Seguindo a tendência das construções nas novas repúblicas para a construção do Palácio da Liberdade grande parte dos materiais foram trazidos da Europa. Apenas os tijolos, o cal e as pedras da estruturas eram originados de Minas Gerais. No momento da decoração não foi diferente. Os mobiliários, as tapeçarias, os cristais, as louças, os talheres, foram importados da Europa sendo a grande maioria de origem francesa.

Muitas pessoas criticam o uso da arquitetura eclética, dizendo que não são originais e em alguns casos ocorre até mesmo cópia de outras obras. Mas a realidade é que o uso do estilo eclético surge para expressar as novas aspirações de uma sociedade que ainda não teve tempo de criar um estilo arquitetônico próprio e vê nos antigos estilos as características necessárias para representá-los. O que ocorre na construção do Palácio da Liberdade.
Enfim, o Palácio da Liberdade é uma importante referência e testemunha dos ideais de liberdade e espírito republicano que fazem parte da história do país e do estado de Minas Gerais.