quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Metarquitetura e espaços sensoriais

    



Instalação Stalker II - Platform Seoul 2009, Seoul, KR, 2009. Que une quatro corredores uniformes e em cada quina há um espelho fazendo uma reflexão de 360 graus e possibilitando a perda da noção espacial e da arquitetura do lugar.


  O coletivo AVPD que iniciou os trabalhos em 1997 em Copenhagen, Dinamarca, conta com os artistas 
plásticos Aslak Vibæk ( 1974) e Peter Døssing (1974). E desde lá explora interseções entre linguagens das Artes plásticas, Arquitetura, Ciência e Humanidades num “estranho” tipo de laboratório espacial, que tem enfoque nas percepções da relação do homem com o espaço. Ao que parece coexiste uma relação cênica com o espaço, onde o próprio intervem na natureza humana. Relações estas presentes tanto na Arquitetura como nas Artes Plásticas, onde o homem interage com o espaço e o espaço interage com o homem.

Ambientes virtuais, em três dimensões, provindos de jogos de computador e ficção científica cinematográfica fazem parte da cartela de referência do grupo. Que utiliza estes domínios ficcionais para criar novas atmosferas entre o espaço e o homem. Feito já realizado por Cildo Meireles , Adriana Varejão, Rivane Neuenschwander, Nuno Ramos, Rodrigo Matheus e outros artistas brasileiros contemporâneos ou não, que se aderiram à instalação e às diversas configurações espaciais como linguagem, mesmo na maioria das vezes com uma referência distinta do Coletivo  AVPD.
Rivane Neuenschwander - Vista da Exposição - At a Certain Distance - New Museum - NY, 2010 

“Estes fenômenos ocorrentes na dimensão do corpo-espaço são normalmente fixados no campo da ficção,
 mas nossa aproximação artística se dá em desenhar e transpor estes experimentos de espaços ficcionais 
 para uma realidade física, com o homem como o objeto experimentador\experimentando deixado à experiência do espaço desconhecido.”
Texto da proposta do coletivo AVPD

O coletivo denomina esse trabalho com percepções espaciais de Metarquiteturas, e através destas formas
 de aproximação cria espaços sensoriais, cujo objetivo é deslocar e desafiar a percepção do espectador,
 criando ora espaços ilusórios ora múltiplos espaços, numa tentativa de repensar a relação triangular entre o
 subjetivo, o objeto e o contexto, de modo que a percepção cognitiva,emocional e intelectual sobre os
 espaços seja alterada de alguma forma.

Exemplo de um destes espaços é o Hitchcock Hallway que remete ao cineasta Anglo-americano Alfred
 Hitchcock  que utiliza de táticas de espaço para aumentar a tensão de seus longas, principalmente os mais abusivos do plano sequência e para motivo de falsos cortes na edição, que aparecem aqui pela perspectiva perfeita da disposição das portas, escondendo assim o corte de uma para outra (o uso de portas para encerar cenas também é um uso frequente do Diretor, que pega referência no cineasta clássico alemão Ernst Lubithsch). 



                                                   
                                                                          Hitchcock Hallway – Coletivo AVPD
        
                                                                          IKON Eastside, IKON Gallery, Birmingham, UK, 2010
           
                                                                 


O espaço em questão não possui narrativa e  nele coexistem várias portas em um só corredor, e cada uma

 dessas portas se abre para um espaço que diminui com a distância para a saída. Ou seja, um corredor de 

portas e assim várias entradas que dão em uma só saída, alterando assim o julgamento quanto à posição no

 espaço e sobre a variação dos tamanhos de espaços que por diminuírem de forma sutil acaba confundindo

quem os adentra. Como mostra o planta  e o diagrama a seguir:





 Outro exemplo de intervenção, que embora seja bem  mais conceitual que poético (sensorial), tem um

fundamento nas questões dos usosdos materiais e em suas respectivas funções, é o Conceal, onde 113 de

chapas de vidro transparente de3mm deexpessura são amontoadas, em frente à uma janela, e assim o vidro

que naturalmente é usado paradeixar passar a luz, começa a desconstruir sua função e criar um aspecto de

transparência opaca, onde de fora há a sensação do vidro, o reflexo, e seu aspecto padrão, porém não existe

 transparência..



                                                                                       Diagrama das lâminas de vidro




                                                                                     Conceal – AVPD - Aspecto externo
                                                                          Solo show, IKON Gallery, Birmingham, UK, 2010
                                                                                      approx.
88 x 74 x 36 cm
                                            113 folhas de  3 mm de vidro transparente de janela, filetes de madeira, parafusos, tinta. 




                                    Aspecto do interior – As 113 chapas de vidro quando sobrepostas criam um aspecto espalhado.


O coletivo dinamarquês é colaborador de  apenas duas galerias fora da Dinamarca,uma delas em Londres, a

 UNION gallery, e a outra é em São Paulo, a Galeria Leme.

Fontes:
 http://www.avpd.net/main.html
CAPUZZO, Heitor. Alfred Hitchcock: Ocinema em constru

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