domingo, 24 de abril de 2011

Lixo Extraordinário



Esse documentário retrata o trabalho de Vik Muniz, artista plástico brasileiro, com catadores de materiais recicláveis no maior aterro sanitário do mundo, localizado no Jardim Gramacho, bairro da periferia de Duque de Caxias. Vik Muniz é radicado e trabalha em NY. Suas obras são construídas com materiais alternativos, geralmente são interpretações de outros artistas. Dois bons exemplos são suas réplicas da Mona Lisa, uma feita com geléia e outra com manteiga de amendoin. Vik tenta trazer uma nova visão sobre obras já conhecidas e de materiais cotidianos. Em "Lixo Extraordinário" a ideia central do filme é demonstrar que a arte pode modificar a interpretação da realidade, dar um senso crítico mais apurado ao sujeito. Dessa forma, possibilita mudanças no comportamento desses indivíduos frente aos contratempos que a vida lhe proporciona. O documentário focou em sete trabalhadores locais. Tudo foi fruto da convivência de Vik e da rotina dessas pessoas. O artista conheceu o lado humano por detrás da paisagem grotesca do lixão. Em um primeiro momento o pensamento de toda a produção era de que os trabalhadores de Gramacho eram infelizes, subprodutos de uma sociedade de terceiro mundo, homens que aceitaram o seu destino miserável. No entanto a realidade não era bem assim, a humanidade, os sorrisos e a vontade de viver daquelas pessoas levaram os produtores a mudarem de opinião. Fotografias de cenas pitorescas com essas personagens foram tiradas e transformadas em imensos painéis de material retirado do próprio lixo. Tudo isso com a colaboração da comunidade. O trabalho de criação, tanto manual, quanto intelectual e o fato do artista se colocar em segundo plano, dando notoriedade e direito de autoria aos catadores, elevou o ego desses trabalhadores. Através dessa obra houve um ganho pessoal para cada uma das partes envolvidas, uma nova forma de interpretar a vida e o próprio papel dessas personagens no mundo. Diante disso, elas não queriam mais voltar ao estado em que o artista tinha encontrado todas elas. Daí a grande questão do documentário, essas pessoas realmente eram felizes como pareciam ser no início da convivência? Talvez só tinham sido engolidas pelo sistema, incapazes de refletir sobre o estado em que se encontravam. Há também a reflexão sobre o próprio trabalho realizado com os catadores, pois houve uma mobilização muito grande das personagens e um apego emocional muito forte. Vik e sua equipe pensaram em termos humanísticos e na própria ética da metodologia aplicada. Apesar de opiniões diferentes entre os seus colaboradores, Vik não se sente incomodado com o fato de ter transformado por um tempo (apenas?) a vida dessas pessoas e depois do trabalho ter partido, sem dar (?) assistência para que os catadores saíssem da vida de miséria para os prazeres e o outro estilo de se pensar a existência humana na qual a própria arte dos frequentadores do lixão produziram. É preciso salientar que houve desvio de lucros das obras de Vik para as personagens, o que tirou boa parte delas das ligações que possuíam com o aterro. Entretanto, até que ponto eles foram beneficiados com essa ajuda? E Vik, quanto lucrou com tudo isso? São especulações que devemos fazer.




FICHA TÉCNICA
Direção: Lucy Wal
ker,
Codireção: João Jardim, Karen Harley
Produção: Angus A ynsley, Hank Levine
Coprodução: Peter M
a rtin
Produção Executiv
a: Fernando Meirelles, Miel de Botton Aynsley, Andrea Barata Ribeiro, Jackie de Botton
Música: Moby
Edição: Pedro Kos
Direção de Fotografia: Dudu Miranda
Codireção de Fotografia: He loisa Passos, Aaron Phillips
Mixagem de Som: Aloysio Compasso,
José Lozeiro
Duração: 99 minutos
Formato: RAIN
Som: Dolby Digital 5.1
Janela: 1:85



"Algumas premiações:

* Recebeu em 30 de janeiro de 2010 o pr
êmio do público de melhor documentário internacional no Festival de Sundance.
* Recebeu em 20 de fevereiro de 2010 os prêmios da Anistia Internacional e do público na mostra Panorama do Festival de Berlim.
* Em 25 de janeiro de 2011, recebeu a indicação para o Oscar de melhor documentário." Fonte: pt.wikipedia.org



Nota:
Recomendo que todos assistam. Como arquitetos, podemos atingir muitas vidas através de intervenções no espaço. Nossas obras, assim como as de Vik,
podem levar as pessoas ao questionamento e a mudanças de comportamento em relação ao meio e ao sistema de dominação em que vivem.

Fontes Externas:

http://www.lixoextraordinario.net/

Um comentário:

Edgard disse...

Professor, apaguei sem querer o comentário do senhor. Hahaha! Mas tava pedindo pra ter mais análise crítica. Realmente estava faltando, eu tinha apenas apresentado o documentário. Não tinha entendido a forma para a postagem desse tipo de assunto. Enfim, modifiquei. Abraço.