terça-feira, 17 de maio de 2011

Oficina de infláveis.




Após as revoluções cientificas e tecnológicas, a sociedade passou por profundas transformações que aliadas ao prevalecimento do capitalismo e da sociedade consumista modificaram paradigmas como os de espaço, moradia, relação familiar e tempo. Atualmente a produção frenética embalada por avanços tecnológicos imprime na sociedade uma aceleração no cotidiano inacreditável. Quase não há tempo pra fazer atividades anteriormente vistas como fundamentais, e essa velocidade de transformação modifica conceitos em todos os campos da ciência. A arquitetura exerce um importante papel nessas transformações, pois é ela que modifica as cidades para se enquadrar nesse modo de vida. Pensando nesse papel, discutiremos aqui técnicas e aplicações de estruturas infláveis, pois uma arquitetura móvel é um dos pontos chaves para uma sociedade que se transforma rapidamente.
Problemas causados por movimentos pendulares de cidades dormitórios poderiam ser resolvidos por moradias móveis, e a falta de estruturas grandes para receber grupos de pessoas, seja pra festas ou exposições , poderia ser resolvida com estruturas móveis de baixo custo. Esses e outros problemas encontraram na arquitetura móvel um aliado,
Pensando nisso a oficina de infláveis realizada em 09/05/2011 pelo grupo composto por Diogo Guadalupe, Mateus Cola, Mariana Fantecelle, Barbara e Mirian foi uma experiência que nos impressionou tanto pela praticidade quanto pelo resultado. A técnica utiliza plástico lisolene, um plástico leve e de resistência média, que é soldado com ferro de passar roupa, sendo assim acessível a qualquer um. Para se soldar uma tira de lisolene com ferro é necessário uma sobreposição das tiras de plástico que, cobertas por papel, são passadas com o ferro quente. A leveza do plástico torna a estrutura facilmente inflável e transportável, e sua característica maleável permite desenhos arquitetônicos ousados.
O grupo montou um circo na forma hexagonal, mas é possível montar diversas formas e estruturas sendo por isso uma técnica arquitetônica altamente viável. O potencial desse projeto é amplo e com mercado consumidor, afinal é alternativa a vários projetos bem mais caros como, por exemplo, uma barraca ou uma área pra churrasco ou até mesmo para exposições maiores feitas ao ar livre.
Para demonstrar a técnica está aqui um pequeno manual de como realizar a construção do circo.
1°- Materiais:
Para se fazer o circo (figura abaixo) de 2,80 metros de largura por 2,70 m de altura foi utilizado três rolos de lisolene, devido as três cores serem diferentes, já que um rolo é mais do que suficiente, 6 folhas de papel manteiga, 1 a 2 ferros de passar roupa e um ventilador.



2°-Custos:
Por volta de 60 reais.
3°-tempo:
Foi gasto um total de 5 horas para confeccionar o circo por um grupo de 5 pessoas.
4°-Modo de fazer:
1- Corte 6 losangos de 1,40 metros por 1,90 metros; 6 triângulos isósceles de 1,50 metros de base por 1,70 metros; e 6 triângulos eqüiláteros de 1,40 metros. Todos os cortes já calculados e feitos com sobras de 10 centímetros para solda

2- Solde os triângulos eqüiláteros. A solda é feita unindo 10 centímetros dos lados dos triângulos e pondo por cima desses uma folha de papel manteiga passando o ferro quente por cima por volta de duas passadas ou 18 segundos.
3- Solde os losangos às bases dos triângulos soldados e depois solde-os entre si.
4- Por fim solde os triângulos eqüiláteros nos losangos e entre si.





A idéia de uma arquitetura inflável já vem sendo explorada por arquitetos. No site “www.amazoninterart.com” é possível ver outras formas de como estruturas infláveis podem ser utilizadas. A idéia de mobilidade não está apenas na arquitetura. De acordo com a dissertação de mestrado de Marion Velasco Rolim, exposta em “www.anhembi.br/mestradodesign/pdfs/marion.pdf”, ela encontra-se em design, design vernacular (observado na rua), arte, moda, arquitetura, tecnologia e aponta situações, onde corpo e vestimenta se reinventam, criam outros espaços que favorecem a mobilidade e ativam novas formas de coexistir e de habitar. Em sua dissertação Rolim demonstra que os infláveis estão presente nas coleções de roupas do inglês Gareth Pugh e mostra que a idéia de uma arquitetura inflável é antiga pois, de acordo com o mestrando, “um grupo formado por Peter Cook, Warren Chalk, Michael Webb, David Greene, Ron Herron, e Dennis Crompton, em Londres (UK), entre 1961 e 1974, levantou questões do tipo: ‘Why don’t rabbits burrow rectangular burrows? Why didn’t early man make rectagular caves? Supposition: Architect. Client wanting single-storey house in the landscape’ (Por que coelhos não escavam tocas retangulares? Por que os homens primitivos não faziam cavernas retangulares? Suposição: Arquiteto... Cliente querendo casa única com peças no mesmo nível na paisagem.) e criou projetos irreverentes como a vida em cápsulas e casulos, estruturas orgânicas, infláveis, extensíveis e cidades instantâneas.” Exemplos desses projetos estão expostos no trabalho de Rolim.


Fontes:
site: www.amazoninterart.com; Acessado em: 19/05/2011
site: www.anhembi.br/mestradodesign/pdfs/marion.pdf; Acessado em: 19/05/2011
site: www.vitruvius.com.br; Acessado em: 19/05/2011

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