Hoje em dia a moda é reciclagem. E quando pensamos nisso, o que nos vem à cabeça? Vidro, latinha de alumínio, papel e... papelão, claro! Este, por ser um material barato, leve, resistente e de fácil manipulação, vem sendo muito usado, desde simples caixas até estruturas mais complexas, passando por móveis e casas. Isso mesmo, casas!
Essa já é uma técnica muito estudada no Japão, principalmente por Shigeru Ban, que já construiu diversas estruturas com tubos de papelão.
Pavilhão Japonês na Feira Internacional de Hannover (Alemanha) no ano de 2000. Shigeru Ban.
Com base nesses trabalhos, a arquiteta e tecnóloga em construção civil Gerusa Salado vem desenvolvendo uma pesquisa, desde o ano passado, na construção de estrutura usando tubos de papelão.
Para sua tese de doutorado pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), Gerusa construiu uma parede de 1 m de comprimento sem resina ou impermeabilizantes. A estrutura, segundo ela, resistiu até 5 t. Utilizando a resina impermeabilizante, a mesma estrutura teve sua resistência aumentada, suportando até 6 t.
No fina do ano passado, Gerusa contruiu uma célula-teste em formato de cubo medindo 27 m³, com uma estrutura toda feita de tubos de papelão. Em uma das paredes há uma janela. Na outra, uma porta. As outras duas paredes são "paredes cegas", sem qualquer tipo de abertura. O principal fator a ser testado é a resistência da estrutura a chuvas e ao vento, além da impermeabilização. Para isso, foram utilizadas duas resinas impermeabilizantes nos tubos, que têm 10 cm de diâmetro. De acordo com a arquiteta, a casa vem resistindo à chuva e ao vento.
As vantagens do uso do papelão é que o sistema construtivo dispensa fundações profundas, devido ao baixo peso da estrutura, tendo somente o pré-requisito de uma cobertura leve, pois o sistema estrutural não aguentaria uma cobertura feita de materiais pesados. O processo de construção é mais rápido e dispensa mão de obra especializada, por ser muito fácil. Além disso, os tubos são ocos, o que facilita a instalção hidráulica e elétrica. "Todo o processo é limpo e salubre podendo ser desmontado e remontado a qualquer tempo", diz Gerusa.
Ainda é preciso avaliar a resistência da casa ao fogo, considerando o tempo que o papelão pode levar para ser incinerado e se o fogo pode se extinguir sozinho. De acordo com a pesquisadora, "todos os materiais de construção são passíveis ao fogo, mas neste caso, precisamos averiguar se o tempo de propagação de um incêndio acidental possibilita que os usuários desocupem a edificação".
O intuito das investigações, segundo Gerusa, é saber se a estrutura pode ser utilizada para habitações ou não, além de outros tipos de construções como edifícios, como uma possibilidade de substituição de materiais de alvenaria. É uma idéia prática e barata, que viria muito a calhar!
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