quarta-feira, 29 de junho de 2011

'IT'

Inspirada em Água Viva, de Clarice Lispector, e em obras de outros autores, a peça 'It', do grupo Dois Pontos, esteve em cartaz no teatro da Funarte MG até o dia 26 de junho. A montagem apresenta duas mulheres que falam sobre suas visões de mundo, anseios e experiências. Sentimentos como a solidão, a revolta contra a morte e a tentativa de apreender o tempo permeiam os diálogos. A peça teve início com uma pesquisa realizada por Amanda Dias Leite e Og Esteves, no curso de Artes Cênicas da UFMG (2004/2005). No projeto, o livro Água Viva, de Clarice Lispector, teve o texto original modificado e ressignificado. A partir de 2008, o trabalho foi retomado por Amanda Dias Leite, Júnia Pereira e Marina Viana, transformando o texto literário e inserindo referências a outros autores. A dramaturgia foi estruturada em um prólogo e dez blocos.



Acostumada com espetáculos de comédia,
“It” é uma peça totalmente diferente das que já assisti.


As personagens expõem reflexões acerca de diversas indagações que vêem e vão dentro
do ser humano. Suas dificuldades, seus temores, suas preferências. Não importa passado ou futuro. O momento é.Nada além disso. Há reflexões como: não encarar a vida, e se esquivar para não chocar com a temida realidade;a dificuldade de aceitação do que realmente sou; a impossibilidade de vencer a morte; a acomodação, entre outros. Num diálogo alternado com o uso de uma linguagem usual e descolada aproximando-se da fala cotidiana. Também o cenário é bastante simples com poucos recursos sonoros e visuais, evidenciando as falas e expressões das atrizes. O interessante é que as personagens não dialogam sobre o mesmo discurso. Cada uma evidencia um discurso diferente. Um poema de Ferreira Gullar é citado na fala de uma delas...

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora, moça branca como a neve, me leve.

Se acaso você não possa me carregar pela mão, menina branca de neve, me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar, moça de sonho e de neve, me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento, menina branca de neve, me leve no esquecimento.


Apesar de algumas idéias apresentadas serem meio confusas, o texto é
de fácil compreensão. É uma peça rápida, com menos de 01 hora. E prende totalmente a atenção do espectador.


Abaixo algumas fotos que eu, discretamente, tirei da peça.

















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