quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Cheiro do Ralo



Baseado em romance homônimo escrito pelo desenhista Lourenço Mutarelli, O Cheiro do Ralo marca o segundo filme dirigido pelo diretor Heitor Dhalia (Nina). Apesar de já ser um pouco antigo, creio que muita gente não viu, principalmente pela pouca repercursão que o nosso país promove do cinema nacional. O filme é sensacional, não apela para a Pornochanchada, nem para a pobreza do sertão ou para a exclusão social, como é típico dos filmes brasileiros. É urbano, pode ser visto como contemporâno e condiz com a realidade, sem mistificação ou exageros.
O cheiro do ralo conta a história de Lourenço (Selton Mello), o dono de uma espécie de topa tudo. "Seu papel como comprador é pagar o menos possível pelo objeto para conseguir um bom negócio. Já quem vende tem a opção de barganhar um preço mais alto ou se deixar desvalorizar pelo papo do comprador. Para lucrar, Lourenço desenvolveu uma frieza técnica que o faz desprezar as histórias dos objetos e o problema de quem está vendendo, frieza levada também para a vida pessoal. Soma-se ao capitalismo de entranhas o encanamento entupido no banheiro, que deixa a loja empestada pela fedentina de esgoto e obriga Lourenço a explicar para os clientes que o cheiro não vem dele, mas do ralo."
Lourenço vive um dilema. É atraído pela bunda de uma moça que trabalha na padaria. Passa pelo estabelecimento todos os dias para tomar café (olhar a bunda) e por causa da péssima gastronomia, tem diarréia constante, entope o ralo. De repente ele se dá conta de que quem usa o banheiro é ele, logo o fedor é dele. Isso é paradoxal e inacreditável para a personagem.
O cheiro do ralo é uma crítica a coisificação do mundo. Na primeira etapa, temos a coisificação dos objetos. "O cordão que vovó comprou na Europa e usou a vida inteira e me deu de presente de casamento torna-se vinte reais ou se manda daqui. O violino raro tocado em festas e apresentações internacionais transforma-se em trinta. Trinta e cinco e não se fala mais disso." Saindo da loja, temos a coisificação das pessoas, a bunda sem nome, o olho artificial que Lourenço adquire e ninguém sabe de quem é, torna-se lenda, cria-se histórias mentirosas para ele.





Trailer do filme

Referências
www.ocheirodoralo.com.br
aguarras.com.br

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