domingo, 4 de dezembro de 2011

ARQUITETURA E MODA, JUNTAS, FICAM COMPLETAS!


Pra mim, arquitetura e moda caminham juntas, seja no desenvolvimento de uma coleção ou na concepção de um projeto.
Assim como a casa, a roupa tem uma concepção de lar onde o corpo se abriga. E essa é uma ideia discutida pelo engenheiro de estruturas Yopanan Rebello. “A roupa pode ser vista, em primeira instância, como o abrigo imediato, mais próximo da pele humana do que qualquer outro elemento que a arquitetura possa conceber. Uma espécie de arquitetura primeira, abrigo que se descola da pele do homem e se projeta ampliando sua ocupação", diz ele em texto para a "revista AU" (Arquitetura e Urbanismo).

A arquitetura e a moda e têm o mesmo objetivo de expressar o ideal ou as pretensões de uma determinada época, só que em matérias e formas diferentes.

Assim como os projetos de edificação, as estruturas das peças de roupa são calculadas e passam por um trabalho de construção frente a um determinado material que pode resultar em um desenho desejável e possível.

Afim de aproximar ainda mais um tema do outro, Tóquio é centro de grandes projetos arquitetônicos direcionados ao mercado (de alta costura) da moda. Mas o mais intrigante, é que essas grandes marcas escolhem os arquitetos baseados na mesma linguagem construtiva usada pelas marcas. Além dos acabamentos nobres feito com o logo da marca, utiliza-se segunda pele, transparências e tramas, tudo isso interpretado nos moldes arquitetônicos.




Um exemplo claro dessa parceria é a Prada, localizada na Champs-Elysées nipônica, a famosa Avenida Omotesando, que é repleta das principais marcas do mundo e dos mais renomados e premiados projetos. O projeto é da dupla Herzog e de Meuron, mesmos autores do “ninho de pássaro” na China.

A Dior de Omotesando tem em sua fachada o monograma da marca, e seguindo a tendência japonesa de arquitetura, muito vidro na fachada. O detalhe é que os provadores da loja não possuem espelho, mas sim uma câmera que tira foto do dito cujo a cada 3 segundos e projeta numa tela dentro da cabine.

A Hermés, é projeto de Renzo Piano, e foram gastos mais de 13.000 tijolos de concreto. Durante o dia, a fachada é transparente, mas à noite ela brilha, refletindo as luzes japonesas. O interior remete o estilo clássico da marca.

No Brasil, a moda tem se baseado na arquitetura não apenas nas estruturas e modelagens. Nas passarelas do inverno 2010, apareceram coleções como a da Maria Bonita, que se inspirou no trabalho da modernista Lina Bo Bardi, e da estilista Glória Coelho, que mostrou a continuação da sua coleção de verão inspirada no futurista norte-americano Frank Gehry.

Retomando o passado

No inicio do século XX, na Belle Epóque, a arquitetura se influenciou pela Art Noveau. As construções eram geralmente marcadas por formatos orgânicos, linhas curvilíneas e motivos naturais. E com a moda não foi diferente. “O corpo feminino tornou-se um verdadeiro repositório de linhas curvas, onde a cintura nunca tinha sido tão afunilada como nesse momento”, escreveu o historiador de moda João Braga no seu livro “História da Moda”.

Na década de 20, os traços sinuosos da Art Noveau foram trcados pela geometria da Art Déco, que também se espalhou tanto na arquitetura, como na moda, com motivos geométricos, vestidos menos a cinturados, retos, sem marcar o corpo.



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