domingo, 4 de dezembro de 2011

Espaços Flexíveis x Espaços Polivalentes


Ao abrir discussão para entendermos do que se trata os termos, Hertzberger caracteriza, primeiramente, a arquitetura funcionalista, dizendo que nela a forma se deriva da eficiência, mas que não há garantia que toda ela seja eficaz. Logo após isso, ele afirma que nesse tipo de arquitetura acontece uma rápida obsolência de soluções específicas, que acabam trazendo "disfuncionalidades" e causando assim a falta da eficiência proposta outrora.

ESPAÇOS FLEXÍVEIS

Nesse caso, ele exemplifica o termo com os chamados "edifícios neutros", que teriam diversos usos. O problema advindo disso seria a neutralidade presente no edifício, o que implicaria na ausência de identidade, na falta de traços característicos, tanto do arquiteto quanto do usuário. Deixando uma mensagem de incerteza, de falta de coragem em comprometer-se ao dar identidade a obra. A falta de coragem cria uma série de soluções consideradas inadequadas por ele (chamadas neutras).
Um exemplo que surgiu quando li essa parte do livro foi o de salas de espera, que, quase nunca, tem alguma marca característica, ou uma identidade, o que acaba deixando a sala não aconchegante para quem tem que utilizá-la.




ESPAÇOS POLIVALENTES

Os espaços polivalentes, segundo ele, são os espaços que podem ter diversos usos sem que a arquitetura mude.
São espaços com mínima flexibilidade e com a solução encontrada dada como ótima, tendo uma capacidade de se adaptar à diversidade e à mudança, conservando sua identidade.
A decorrência disso é uma arquitetura menos fixa, menos estática, que dê o incentivo para a influência desse usuário, principalmente para realçar e reafirmar suas marcas principais e que quando os usuários decidirem dar-lhe outro uso, não seja deturpada a ponto de perder sua identidade, tendo ainda a capacidade de acomodar, absorver e induzir funções. Considerando, então, a possibilidade de mudança como um fator constante.

A exemplo da interação usuário-edifício, tem-se as casas de canais, que excitam a imaginação do morador.












Casa com vista para o canal em Angra dos Reis.
















Vista para o Grand Canal, em Veneza.



O autor me deixou um pouco intrigada ao falar da polivalência, ao pensar sobre os usos que a arquitetura pode passar a ter, sem ter sido antes pensada pelo arquiteto. Exemplos que achei que explicavam isso bem, são os prédios comerciais em Amsterdã, que no nível da rua, são vitrines de prostitutas.



E pesquisando sobre isso, encontrei igrejas em Amsterdã, Nova York, Liverpool e Dublín que viraram boates noturnas.

Episcopal Church of Holy Communion - Nova Iorque, uma das primeiras a se transformar em uma casa noturna, conhecida como THE LIMELIGHT.









Antiga igreja de St. Peter em Liverpool, que hoje chama-se ALMA DE CUBA. Lugar que aos domingos ainda oferece música gospel, apesar do resto da programação ser taxada de "profana".




Nesse pensamento, a conclusão é de que não há apenas uma solução para um determinado espaço.
Um espaço feito para ser tolerável por todos não é um espaço perfeito para ninguém e o excesso de expressão acaba deixando a dúvida se ele será, de fato, perfeito para alguém.
O jeito de correlacionar esse último ponto é analisando em que aspecto cada um se relaciona com o espaço, qual sua maneira de relacionar-se e, sem dúvida, adotar significados diferentes a cada solução, significados esses já anteriormente agregados à ela.

Nenhum comentário: