segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Nave de aço: palco da banda U2 na turnê 360°


Um show democrático. Essa era a ideia quando se pensou em um palco 360°. De acordo com o arquiteto M
ark Fisher, o objetivo do projeto era proporcionar uma maior integração entre os músicos e a plateia. "A banda estava procurando uma maneira de recuperar um pouco do contato público que tinha perdido, sem comprometer a escala de um show de um grande estádio", explicou o autor do projeto, em release oficial.


O palco foi projetado para apresentações em estádios, de forma que a banda conseguisse ver todo o público por igual, e a plateia, não importando o setor em que estivesse, conseguisse ter uma visão clara do show. Para conquistar tal proeza, era necessário que todo o equipamento ficasse
acima da banda, e não abaixo, como nos palcos convencionais.
A solução encontrada foi a construção de uma mega estrutura com quatro "pernas" que sustentasse o equipamento acima da banda e do público.





A essa estrutura foi dada o nome de "The Claw" (a garra). A inspiração veio de um restaurante circular localizado na cidade de Los Angeles, o Theme Building. O estabelecimento é composto por um núcleo cilíndrico de vários andares, e sustentado por quatro pernas de concreto reforçado.









Para o palco do U2, no entanto, o arquiteto, Mark Fisher, e o
diretor de show da banda, Willie Williams, escolheram o aço inoxidável para dar corpo às pernas gigantes. Na forma
de treliças, a escolha tem porquê: o aço proporciona uma
estrutura mais leve, com menor interferência no redor e com a vantagem de ser facilmente transportável e remontável.






Construção, montagem e transporte. Esses três elementos tiveram que ser pensados juntos quando o palco 360° foi desenvolvido. Isso porque é a estrutura que daria corpo à turnê itinerante: os shows deveriam rodar todo o mundo.

Todo o processo para tornar o palco realidade foi pensado em duas fases, sendo que essas fases deveriam ser seguidas toda a vez que o palco tivesse que ser montado. A primeira constitui-se na ideia de começar a construir de baixo para cima. Sendo assim, a primeira etapa era montar e erguer a estrutura octogonal central de 80 toneladas, que sustentaria o som, iluminação e telas. Para tal, foram necessários três guindastes de 60 toneladas.



Já as quatro pernas foram instaladas com o suporte de torres gêmeas posicionadas de cada lado de cada pé, utilizadas para garantir a precisão do processo, principalmente no que diz respeito ao peso e ao equilíbrio das estruturas: cada perna mede 50 metros.
Além das torres, foi necessário o investimento em um sistema hidráulico que controlaria, por meio de um software especializado, a sincronização dos elevadores.


À medida em que a estrutura é erguida, segmentos adicionais são conectados às pernas.


Depois de a estrutura estar totalmente no lugar, as torres gêmeas são removidas, sendo instaladas novamente apenas na desmontagem do palco.


Com as pernas e a super estrutura erguidas, dá-se início à segunda fase: é a fase em que os equipamentos (som, luzes e telão) são instalados na mega estrutura.

Na prática, todo esse processo leva cinco dias para ser realizado: quatro para montar a estrutura e um para finalizar a produção. A desmontagem, etapa que começa depois do show, consome mais dois dias. Para carregar todo o material da mega estrutura são necessários 114 caminhões, o dobro do que seria necessário se o palco fosse instalado em uma das extremidades do estádio.




A estrutura é mega, mas não é sozinha. Outros "detalhes" foram adicionados à ela.

  • Revestimento: para cobrir e proteger os equipamentos instalados na mega estrutura de aço, foi aplicada a ela uma membrana elástica com forma cônica nas cores laranja e cinza. Mais que proteção, a membrana está totalmente inserida no conceito de espetáculo: ela recebe projeções de luzes, promovendo um toque multi-colorido durante o show.
  • Guarda-chuva: para reforçar a proteção dos equipamentos contra a chuva foram instalados três guarda-chuvas sobrepostos, com de 4,8 metros de diâmetro cada. A ideia teve como inspiração a turnê americana da banda Pink Floyd, em 1977.
  • Rampa e pontes: o projeto inclui uma rampa circular que rodeia o palco. A rampa é ligada ao palco por um sistema de pontes rotativas, permitindo o acesso ilimitado dos integrantes da banda a qualquer ponto do palco. Além disso, os fãs com ingresso de pista pode ficar tanto fora da rampa, como entre ela e o palco. Esse fator mais a vantagem de o palco não apresentar frente ou trás pode maximizar a capacidade de público em até 20%.
Painéis: como um show à parte, os painéis em LED formam um sistema cilíndrico: são telas expansíveis, que se estendem e se retraem durante o show, e promovem uma sensação de mudança constante; pa recem diferentes dependendo do ângulo em que se observa. Para tal, foram necessárias 888 telas de LED com 500 mil pixels.

As telas dão a sensação de preenchimento, já que a superestrutura está a quase 50 metros de altura do palco.

Ficha Técnica:

Direção de show: Willie Williams
Arquiteto responsável: Mark Fisher
Membrana estrutural - Neil Thomas, Atelier One
Projeto de Engenharia: Hoberman Associates - Ziggy Drozdowski
Fabricação e construção da estrutura de aço: Stageco
Peso total da estrutura de aço: 220 toneladas
Início do projeto: setembro de 2008
Conclusão: Junho de 2009

Fonte e Imagens:

Stufish.com, Stageco.com
Portal Metálica



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